PE247 – O Governo do Estado estava ciente das fortes chuvas que caíram na Região Metropolitana do Recife (RMR). A informação veio do secretário estadual da Casa Civil, Tadeu Alencar. Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (17), o dirigente disse que o Executivo estadual não fez divulgação alguma sobre as quedas d'água para não causar pânicos nos moradores do Grande Recife. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Defesa Social, foram registrados 169 pedidos de ocorrência e oito deslizamentos, desabamentos e desmoronamentos.
As chuvas foram tão fortes que, das 5h às 9h, a quantidade de água atingiu os 110 milímetros (mm) na RMR, representando 47% da média mensal, que giram em torno de 320 mm. Um dos fatores que mais contribuíram para esta situação alarmante foi o pico da maré, que chegou a 1,8 metros por volta das 9h e que deve se repetir por volta das 20h30. E deve continuar a chover neste final de semana no Recife.
"O ponto nevrálgico é que as precipitações coincidiram com a maré alta e isso causou muitos transtornos, como os alagamentos. A tendência é que, com a baixa da maré, ocorra também o rebaixamento dos níveis dos rios e canais", declarou o secretário de Recursos Hídricos, Almir Cirilo.
Curiosamente, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) informou que tinha emitido um alerta à Prefeitura do Recife (PCR) sobre as fortes precipitações que iriam cair na Capital. Por outro lado, o Executivo municipal disse que recebeu um comunicado no qual constava que as chuvas seriam de leves a moderadas.
"Previsão é uma previsão, que pode ser concretizada ou não", disse o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Nílton Mota. Também em entrevista coletiva, o dirigente destacou as ações do Executivo municipal, que tem como prefeito Geraldo Júlio (PSB), como, por exemplo, a vistoria em 12,7 mil locais de riscos e a limpeza de 60 canais.
Argumentando que o Governo Geraldo Júlio tem apenas cinco meses, o secretário deu a entender que não é possível preparar a cidade para fortes chuvas como as que caíram na madrugada de quinta para sexta. Segundo ele, a prefeitura está concretizando medias emergenciais e estruturadoras para amenizar os efeitos das chuvas.
De todo modo, vários canais da cidade transbordaram e todas as principais vias do Recife ficaram alagadas, ocasionando longos engarrafamentos, o que implicou nos arrastões. Porém, o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, negou que tenha havido denúncias de arrastões em lugares como o Viaduto Capital Temudo, em Joana Bezerra, e no Pina, Zona Sul da capital pernambucana.
Com os deslizamentos, a situação mais preocupante é das pessoas que moram nos morros. O secretário da Casa Militar, coronel Mário Cavalcanti, fez um alerta: "Nós queremos deixar o alerta para as populações que vivem em áreas de risco que deixem as casas caso a chuva permaneça desta forma torrencial durante a madrugada", afirmou.
As fortes chuvas também provocaram queda de energia na Região Metropolitana. "É possível que a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco) não religue todos os pontos que estão sem energia, então a recomendação é que as pessoas evitem circular nessas áreas à noite", declarou Tadeu Alencar. As pessoas que continuarem sem luz podem contatar serviços emergenciais pelo número 190.
Na rede estadual de ensino, as aulas do turno da noite foram suspensas. "Vamos realizar uma programação junto às escolas para repor as aulas que não ocorreram", declarou o secretário estadual de Educação, Ricardo Dantas.
As chuvas, que trouxeram enormes prejuízos à população, também aumentou em 35% o nível da barragem de Pirapama, principal fornecedora de água para as cidades da Região Metropolitana, que também foi atingida pela seca, embora com menos intensidade do que no Sertão e no Agreste do Estado. "A expectativa é que (o nível) chegue à metade (50%) já na próxima semana. Esse é um aspecto positivo das precipitações", observou Almir Cirilo.