A HORA DE MUDAR O MODELO

Antônio Assis
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Carlos Chagas
                                               A ortodoxia econômica neoliberal ainda vai nos estrangular. Iniciada por Roberto Campos quando ministro do Planejamento do primeiro general-presidente, Castelo Branco, esse modelo  alcançou o  ponto alto no período de  Fernando Henrique.  Foi mantido  pelo Lula e agora por Dilma Rousseff. A palavra de ordem é cortar gastos, mas onde? Decidiu o governo derrotar a PEC-300,  que estabelecia  piso salarial para policiais militares e bombeiros. Também vetou reajustes para os aposentados que recebem mais do que o salário mínimo. Nem quer ouvir falar de vencimentos mais dignos para professores e médicos do serviço público. Além de engavetar a emenda 29, que regulamenta os  recursos para a saúde.

                                               Não seria mais fácil aumentar a taxação do lucro dos bancos? Ou cobrar imposto de renda do capital-motel que chega do exterior de tarde, passa a noite e vai embora de manhã? Que tal obrigar os investidores de fora a permanecerem um ano no Brasil, aqui reinvestindo seus lucros? E o Imposto Sobre Grandes Fortunas, que foi para a gaveta? Taxar terras improdutivas seria boa solução, assim como gravar mais a importação de produtos estrangeiros, em especial os supérfluos que vem da China.  Pelo menos, acabar com os subsídios dados por diversos estados a esses produtos, via concessão de créditos do ICMS. Estabelecer mecanismos para o retorno ao país de centenas de bilhões de dólares mandados ao exterior por especuladores e bandidos seria imprescindível.  

                                               Adianta muito pouco o ministro Guido Mantega tirar paliativos da cartola.  O que se esgotou foi a estratégia responsável por mais uma crise mundial que agora se reflete em nosso débil crescimento, acolitado pela sombra da inflação.   O governo desonera os praticantes do neoliberalismo, baixando o IPI para certos produtos, mas para a classe média, nada. Este é o mês da guilhotina, ou do cadafalso, por conta do imposto de renda. Alguma forma de nos desafogar? Nem pensar.  Logo estarão criando novos impostos para o cidadão comum, enquanto os salários vão perdendo seu poder aquisitivo e  aumenta  o desemprego, apesar da propaganda.   Melhor seria mudar o modelo. 
     

A CUT, ONDE ESTÁ A CUT? 


                                                        No meio de perplexidades produzidas pela equipe econômica, indaga-se onde esgtá a Central Única dos Trabalhadores, um dia constituída  para defender os que vivem de salário. O Paulo Pereira da Silva ainda  movimenta  sua organização, a Força Sindical, mesmo  cedendo sempre  às exigências do palácio do Planalto, mas a CUT, pelo jeito, o gato comeu. Nenhuma campanha reivindicatória, nenhum protesto. Seria porque os  trabalhadores estão felizes com a política restritiva do governo? Ou porque a  liderança sindical esgotou-se, à maneira da pelegada que saiu sem deixar saudade, quando os militares entraram? A coisa nova, naqueles idos, foi a CUT. Agora, ficou velha.

MISTÉRIOS MINEIROS


                                                        Fosse hoje a eleição para governador de Minas e,  com o impedimento para Antônio Anastasia concorrer a um segundo mandato, só mesmo Aécio Neves barraria o caminho até agora aberto pelo ministro  Fernando Pimentel. Como o ex-governador e  hoje senador é candidato à presidência da República, eis  uma forma de o PT renascer, porque possíveis, mesmo, só as vitórias no Rio Grande do Sul,  na Bahia e no Acre,  com as reeleições de Tarso Genro,  Jacques Wagner  e Tião Viana.   No Distrito Federal, continuando as coisas como vão, Agnelo Queirós não emplaca. 

                                                        Minas sempre foi um mistério político, pautado por duas paralelas: o senso grave da ordem e o anseio irresistivel da liberdade. Resta saber para onde elas apontam. 


TENENTES E COMPANHEIROS

                                                        Logo depois da vitória da Revolução de 30, instalado na chefia do governo provisório, Getúlio Vargas foi indagado sobre o que faria com os tenentes. Afinal, eles haviam sido a mola mestra da rebelião contra a República Velha, aderindo aos gaúchos depois de haverem perdido suas duas maiores opções de dominar o país: Luiz Carlos Prestes,  que virou comunista, e Siqueira Campos, morto num desastre de avião.

                                                        Getúlio, com aquela fleugma conciliatória, dividiu a resposta em duas partes: primeiro, promoveria os tenentes  a capitães; depois, nomearia boa parte deles para interventores  nos estados.  Deu certo, os tenentes desapareceram como categoria, ainda que os sobreviventes renascessem em 1964, como generais. 

                                                        O episódio é lembrado  porque, não demora muito,  algum estudante de História perguntará para onde foram os companheiros e a conclusão será de que sumiram, sobrando apenas o Getúlio Vargas dos tempos atuais.  Quem? Ora... 

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