Recifense sofre para ir ao trabalho

Antônio Assis
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Rodrigo Passos
Folha-PE

Que o Recife passa por problemas de mobilidade urbana, já não é novidade para ninguém. Número elevado de carros nas ruas, obras, transporte público que não oferece conforto para os passageiros, entre outros tantos motivos que fazem com que a situação seja estressante na rotina de quem sai de casa. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados coletados entre os anos de 1992 a 2009, coloca o Recife na terceira posição entre as dez principais capitais brasileiras (ver quadro) no ranking com maiores tempos médios de percurso casa/trabalho, com 34,9 minutos.


Nesse levantamento, que usou informações coletadas em dados do Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), constatou, ainda, que o tempo é relativamente maior se comparado com regiões metropolitanas com mais de dois milhões de habitantes de outros países. Essa situação ratifica a dificuldade de mobilidade nas cidades brasileiras. Para o especialista em engenharia de tráfego e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Pina, a situação do Recife é mais delicada porque a motorização na Cidade é muito grande e o transporte público, deficiente.



“Temos uma taxa de 400 veículos para mil habitantes, não é a maior do Brasil. Curitiba é quem possui a maior taxa, com 750 veículos para a mesma quantidade de habitantes, mas a diferença é que lá possui o melhor sistema de transporte público do País, que estimula o uso desse serviço”, avaliou Pina. Sendo assim, com menos carros nas ruas e mais uso do transporte coletivo, o trânsito tende a fluir melhor.

No ranking das dez principais capitais brasileiras, Curitiba ocupa a 7º colocação, o que confirma que a solução para a mobilidade caminha ao lado da melhoria do transporte público. “As pessoas fazem o uso do transporte individual porque não se sentem estimulados a utilizar o transporte público”, opinou Maurício Pina. Segundo dados divulgados na pesquisa, os moradores do Recife demoram mais tempo no trajeto de casa para o trabalho do que aqueles que vivem em Nova York (34,6 minutos), Tóquio (34,5) e Paris (33,7).


De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), a frota de carros da Capital pernambucana ultrapassa os 384 mil, enquanto as motos chegam a pouco mais de 117 mil. Por isso, ainda nes­te semestre, a Prefeitura do Recife poderá implantar o sistema de restrição de veículos. A medida deverá ocorrer em horários de pico, das 6h30 às 8h30, e das 17h30 às 19h. A pro­posta é fazer com que alguns usuários de carro passem a utilizar mais os ônibus, com o intuito de desafogar as principais vias da cidade.



Apesar da urgência na melhora, a previsão do especialista Mauricio Pina é positiva. “O Governo (do Estado) tem investido nesses corredores (como o Norte/Sul e Les­te/Oeste), que é uma forma de combater o problema. Mas esta situação faz parte das dificuldades do crescimento das cidades, onde as pessoas perdem muito tempo produtivo dentro do carro”, avaliou.

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