Folha-PE
Que o Recife passa por problemas de mobilidade urbana, já não é novidade para ninguém. Número elevado de carros nas ruas, obras, transporte público que não oferece conforto para os passageiros, entre outros tantos motivos que fazem com que a situação seja estressante na rotina de quem sai de casa. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados coletados entre os anos de 1992 a 2009, coloca o Recife na terceira posição entre as dez principais capitais brasileiras (ver quadro) no ranking com maiores tempos médios de percurso casa/trabalho, com 34,9 minutos.
“Temos uma taxa de 400 veículos para mil habitantes, não é a maior do Brasil. Curitiba é quem possui a maior taxa, com 750 veículos para a mesma quantidade de habitantes, mas a diferença é que lá possui o melhor sistema de transporte público do País, que estimula o uso desse serviço”, avaliou Pina. Sendo assim, com menos carros nas ruas e mais uso do transporte coletivo, o trânsito tende a fluir melhor.
No ranking das dez principais capitais brasileiras, Curitiba ocupa a 7º colocação, o que confirma que a solução para a mobilidade caminha ao lado da melhoria do transporte público. “As pessoas fazem o uso do transporte individual porque não se sentem estimulados a utilizar o transporte público”, opinou Maurício Pina. Segundo dados divulgados na pesquisa, os moradores do Recife demoram mais tempo no trajeto de casa para o trabalho do que aqueles que vivem em Nova York (34,6 minutos), Tóquio (34,5) e Paris (33,7).
De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), a frota de carros da Capital pernambucana ultrapassa os 384 mil, enquanto as motos chegam a pouco mais de 117 mil. Por isso, ainda neste semestre, a Prefeitura do Recife poderá implantar o sistema de restrição de veículos. A medida deverá ocorrer em horários de pico, das 6h30 às 8h30, e das 17h30 às 19h. A proposta é fazer com que alguns usuários de carro passem a utilizar mais os ônibus, com o intuito de desafogar as principais vias da cidade.
Apesar da urgência na melhora, a previsão do especialista Mauricio Pina é positiva. “O Governo (do Estado) tem investido nesses corredores (como o Norte/Sul e Leste/Oeste), que é uma forma de combater o problema. Mas esta situação faz parte das dificuldades do crescimento das cidades, onde as pessoas perdem muito tempo produtivo dentro do carro”, avaliou.