Planos de Eduardo incluem aliança com Alckmin

Antônio Assis
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Mergulhado no planejamento do seu projeto presidencial, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, esboça uma estratégia para tentar ultrapassar as fronteiras do Nordeste. Em privado, ele se declara decidido a costurar alianças inclusive com governadores do PSDB de Aécio Neves. Entre eles Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Beto Richa, do Paraná.

Candidatos à reeleição, Alckmin e Richa preparam-se para enfrentar duras disputas com rivais do PT. Hoje, ambos já governam com o apoio do PSB. Eduardo articula a renovação das parcerias para 2014. Com uma novidade: o neopresidenciável do PSB deseja frequentar os palanques da dupla tucana. Não se importa de dividir o espaço com Aécio.

O palanque duplo não interessa a Aécio. Mas Eduardo e seus operadores estão convencidos de que os governadores do PSDB toparão o acordo pela simples razão de que não podem se dar ao luxo de dispensar o apoio. Sobretudo depois que o esvaziamento do DEM, parceiro tradicional do tucanato, potencializou o PSB no cálculo do tempo de propaganda de rádio e tevê dos candidatos.

O interesse de Eduardo não parte do zero. Ele mantém relações fluidas com Alckmin e Richa. Nas eleições municipais do ano passado, o PSDB apoiou em Curitiba a derrotada candidatura de Luciano Ducci, do PSB. Em São Paulo, Eduardo preocupou-se em conversar com Alckmin antes de empurrar o PSB para dentro da coligação petista de Fernando Haddad à prefeitura paulistana.

Informou-lhe que iria aliar-se ao PT de São Paulo para atender a um pedido de Lula. Mas acrescentou que o gesto se restringia a 2012. O apoio do PSB à gestão de Alckmin não foi retirado e a porta para o entendimento de 2014 ficou entreaberta. Voltaram a conversa no início do ano. E Eduardo programa-se para fazer nova visita ao colega paulista.

Não é só: por vias transversais, também o ex-presidenciável tucano José Serra roça a caravana de Eduardo Campos. Escanteado no PSDB, Serra passou a flertar com a ideia de deixar a legenda. Reativou-se um plano antigo, que ruminava junto com o amigo e deputado federal Roberto Freire, presidente do PPS.

Prevê a criação de um novo partido a partir da fusão do PPS de Freire a uma legenda nanica, provavelmente o PMN. A nova legenda recepcionaria políticos mal acomodados. Entre eles Serra. Reforçada, adensaria um projeto presidencial dito de “esquerda” e capaz de rivalizar com o PT. O nome preferido é o de Eduardo Campos.

De passagem por Brasília na última quarta-feira, Eduardo participou de uma dezena de reuniões políticas. Uma delas foi com o deputado Arnaldo Jardim, do PPS de São Paulo. É ele quem conduz, em combinação com Freire, a negociação que pode desaguar no projeto de fusão partidária.

No gogó, Eduardo planeja escorar sua candidatura presidencial numa coligação de pelo menos cinco legendas: PSB, PDT, PTB, DEM e PPS (ou a agremiação que resultar da fusão). Se a intenção virar fato, ele iria à disputa com uma vitrine eletrônica de algo como cinco minutos.

Assegurado o espaço no rádio e na tevê, as alianças seriam ampliadas nos Estados para incluir legendas que farão parte do projeto nacional. Além de Alckmin e Richa, Eduardo imagina que conseguirá atrair pelo menos mais dois governadores do PSDB: Teotônio Vilela Filho, de Alagoas; e Siqueira Campos, de Tocantins.

Negociará também acordos com diretórios do PMDB que cogitam dissentir da renovação da aliança nacional com Dilma Rousseff. Há pelo meia dúzia de Estados onde esse tipo de arranjo começa a se tornar viável. Entre eles, por exemplo, a Bahia. Ali, o pemedebê Geddel Vieira Lima medirá forças em 2014 com o candidato a ser indicado pelo governador petista Jaques Wagner.

Há, de resto, políticos que migraram do DEM para o PSD e agora estão de nariz virado por discordar da aproximação de Gilberto Kassab com Dilma Rousseff. Encontra-se nessa situação, por exemplo, o grupo político do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo –outro personagem com quem Eduardo reuniu-se na quarta-feira.

A portas fechadas, Colombo revelou a Eduardo seu desconforto no PSD e sua disposição de associar sua recandidatura catarinense à candidatura presidencial do interlocutor. Numa conta feita pelos comandantes da infantaria do PSB, algo entre 60% e 70% dos quadros do PSD estaria insatisfeita com a maneira como Kassab gere o partido.

Toda essa gente busca uma canoa para desembarcar. O problema é ajustar o desejo à legislação eleitoral. Para não dar sorte ao azar, Kassab se esforça para fazer andar no Congresso um projeto de lei que iniba a formação de novos partidos. Faz isso num instante em que Marina Silva joga nno cenário a sua Rede e o PPS empina a ideia da fusão.

Josias de Souza

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