Eduardo se equipa e disputa aliados com Aécio

Antônio Assis
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Governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos rendeu-se ao ritmo de toque de caixa que Lula e Dilma Rousseff impuseram à corrida presidencial de 2014. Na superfície, ele critica a antecipação do calendário e simula hesitação quanto à própria candidatura. Nos subterrâneos, aperta o passo e declara-se candidato. Sem titubeios.

Eduardo negocia a formação de uma aliança partidária que lhe forneça um palanque eletrônico competitivo. Nesse esforço, disputa aliados com Aécio Neves, o presidenciável do PSDB. Os dois trafegam na mesma faixa. Buscam o apoio de oposicionistas –PPS e DEM— e de governistas insatisfeitos –PDT e PTB, por exemplo.

Visto até bem pouco como parceiro cativo do tucanato, o PPS encontra-se na pista. Seu presidente, o deputado Roberto Freire (SP), não exclui a hipótese de aliar-se a Eduardo, pernambucano como ele. Ao contrário, revela-se bastante receptivo nas primeiras conversas.
Também o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), deixou de tratar a aliança com o PSDB como algo inevitável. Em privado, diz que seria um erro político ignorar a novidade representada por Eduardo Campos. Ou seja, o tucanato terá de rebolar para renovar acordos que antes lhe chegavam sem suor.

Na seara governista, Eduardo achegou-se ao PDT. Tenta seduzir para o seu projeto o ex-ministro Carlos Lupi, que deve ser reconduzido à presidência da legenda em 22 de março. Aécio também cultiva relações com Lupi desde a época em que governava Minas Gerais. Agora, não está mais sozinho no assédio.

No PTB, informam os operadores de Eduardo, esboça-se uma parceria com ramificação pernambucana. Em troca do acerto federal, o governador do PSB pode apoiar como candidato à sua sucessão o senador petebista Armando Monteiro. Em 2010, o PTB associara-se ao tucano José Serra.

Não é sem motivo que Eduardo prioriza a coligação. Desconhecido fora do Nordeste, o tempo de propaganda no rádio e na tevê será, no seu caso, vital. Aécio enfrenta dificuldade análoga. Sua estampa é praticamente ignorada pelo eleitorado nordestino. Para complicar, a dupla enfrentará uma Dilma que evoluiu da condição de ‘poste’ de Lula para a de presidente mais bem avaliada do que o antecessor.

Eduardo esteve em Brasília nesta quarta (6). A convite de Dilma, participou de solenidade na qual a presidente liberou verbas e atacou a oposição. Para não perder a viagem, reuniu-se com outras autoridades que se deslocaram à Capital com o mesmo propósito.

Jantou com Arthur Virgílio, o tucano que acaba de eleger-se prefeito de Manaus com o PSB de Eduardo na sua coligação. Encontrou-se com o governador Raimundo Colombo, de Santa Catarina -um filiado do PSD, a legenda que nasceu de uma costela do DEM e que está na bica de acomodar um ministro sob Dilma.

A pluralidade dos contatos é explicável. Convém a Eduardo cultivar todas as amizades que fez no PSDB. Por quê? Esboça-se para 2014 uma disputa de segundo turno. Dá-se de barato que Dilma estará no turno final. A segunda vaga é, hoje, uma incógnita.

Josias de Souza

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