MADRI e BERLIM — Milhares de manifestantes tomaram ontem as ruas de 16 cidades na Espanha em protesto contra a privatização parcial do sistema de saúde do país. Em Madri, foi a terceira “onda branca”, como vêm sendo chamados os protestos, em referência à cor dos jalecos dos médicos. Mas ocorreu pela primeira vez em cidades como Barcelona, Pamplona, Toledo e Zaragoza. Os manifestantes levavam cartazes com dizeres como “A saúde pública não deve ser vendida, mas defendida”.
Tanto o sistema de saúde como o educacional são administrados pelas 17 regiões autônomas da Espanha. Várias delas, como Madri, estão endividadas e anunciaram uma privatização parcial desses serviços. Mas muitos cidadãos veem nisso uma motivação política.
Para o funcionário público Javier Tarabilla, o sistema de proteção social da Espanha está sendo desmantelado:
— Isso é a pilhagem de nossos serviços públicos, o saque de algo para o qual contribuímos com nossos impostos e que será dado a empresas privadas que só visam ao lucro.
O conselheiro regional de Saúde de Madri, Javier Fernandez-Lasquetty, classificou os protestos de irresponsáveis e disse que os cortes nos gastos públicos são cruciais para o país sair da crise.
No sábado, cerca de 20 mil pessoas marcharam em Barcelona contra a onda de despejos. Os protestos pelo direito à moradia também ocorreram em outras cidades, como Sevilha e Bilbao.
Alemanha vê acordo com EUA
Apesar de a população europeia sentir cada vez mais os efeitos da crise, ontem Joerg Asmussen, membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), afirmou que a zona do euro está em melhor situação que há um ano, graças aos esforços de consolidação orçamentária em vários países.
Já o ministro da Economia alemão, Philipp Roesler, disse, em entrevista à revista “Der Spiegel”, que espera que a União Europeia e os EUA cheguem a um amplo acordo de livre comércio. O acordo, cujas negociações devem começar este semestre, foi defendido semana passada pelo presidente Barack Obama em seu discurso do Estado da União.
O Globo