Sindicatos lutam contra distorção salarial da Fiat

Antônio Assis
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Leonardo Lucena _PE247 – Líderes sindicais de Pernambuco estão incomodados com as distorções nos salários pagos pela Fiat a operários do Estado. Na fábrica que está sendo construída em Goiana, Mata Norte pernambucana, funcionários ganharão em torno de R$ 700, enquanto em São Paulo, um operário com a mesma função recebe acima de R$ 2 mil.

Para evitar essas distorções, serão realizados seminários e reuniões com Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Pesada (Marreta), de acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras. "Vamos fazer reuniões com um conjunto dos trabalhadores para discutir organização da Fiat em Pernambuco. Não podemos abrir mão de direitos fundamentais dos trabalhadores", disse. Além do Marreta, também participará das reuniões o Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal-PE).
O empreendimento, que será construído em uma área de 280 mil metros quadrados, está orçado em R$ 3,5 bilhões. A montadora estima gerar, com a obra, sete mil empregos diretos na fase de construção e 4,5 mil pós-finalização. Quando entrar em operação – pelos planos, em março de 2014 –, a fábrica terá capacidade para produzir de 200 a 250 mil carros por ano.
"Não somos contra a instalação da Fiat, pelo contrário, queremos que o Estado de Pernambuco continue avançando, se desenvolvendo. Agora, queremos que haja salários dignos para o conjunto dos trabalhadores", declarou Veras.

O sindicalista afastou, no entanto, a possibilidade de se ter uma greve, até porque as obras ainda estão em fase de construção. "Não tem como estabelecer greve se a Fiat não está instalada. Não tem greve de presumida. É um processo de debate que vamos fazer", acrescentou.

Paralisações no Estado

Caso a paralisação ocorra se as classes patronal e trabalhadora não chegarem a um consenso, a Fiat será mais um empreendimento de grande porte a ser palco de paralisações em Pernambuco. Neste ano, as greves atingiram a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), a Ferrovia Transnordestina e a Petroquímica Suape, com trabalhadores reivindicando melhorias salariais e melhores condições de trabalho.

No caso da Rnest e da PQS, os 54 mil operários das duas empresas iniciaram um movimento em outubro pedindo equiparação salarial, pois, segundo eles, a diferença de salários entre funcionários que exerciam a mesma função era de até 40%. A categoria conseguiu reajuste que chegaram a 62%, mas foi preciso intervenção nacional, da Força Sindical.

Apesar de não ter havido indícios de vandalismo, pois os trabalhadores gritavam "Polícia para o Patrão", foi preciso reforço do Batalhão de Choque sob o medo de os operários partirem para a violência. Em agosto, trabalhadores da refinaria, orçada em US$ 17,1 bilhões (o inicial era de R$ 2,3 bilhões), já tinham realizado um movimento que durou quase 20 dias, pedindo reajuste salarial e aumento no vale refeição. Os operários ficaram tão revoltados que apedrejaram sete ônibus. A violência reinou no empreendimento, que terá capacidade para processar 230 mil barris de petróleo por dia e tem o ano de 2014 como prazo para conclusão.

Já a Transnordestina, que ligará o porto de Eliseu Martins, no Piauí, aos de Suape (PE) e Pecém (CE) e está orçada em R$ 5,4 bilhões (mas pode chegar a R$ 6,7 até 2014, prazo para a conclusão) foi outro empreendimento alvo de greve. Operários dos três estados passaram a reivindicar, no início de novembro, reajuste salarial de 15% e R$ 130 de alimentação, porém os operários acabaram aceitando a proposta da Odebrecht, que rendeu aumento 10,5% e cesta básica de R$ 130, além do abono de 20 dias parados.

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