Pobreza Diminui na América Latina, Mas Ainda Afeta 168 Milhões de Pessoas

Antônio Assis
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O índice de pobreza na América Latina caiu de 31% da população em 2010 para 29,4% em 2011, o mais baixo das últimas três décadas, mas ainda há 168 milhões de pessoas pobres na região, informou nesta terça-feira (27) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Em seu Panorama Social 2012, apresentado em Santiago do Chile, a Cepal projeta que, graças ao crescimento econômico e à moderada inflação, a pobreza continuará reduzindo, mas em um menor ritmo, até fechar este ano em uma taxa de 28,8%, equivalente a 167 milhões de pessoas.


"Alcançamos os níveis de pobreza mais baixos das últimas três décadas. Esta é a notícia que me parece mais importante", ressaltou durante a apresentação do relatório a secretária executiva da Cepal, a mexicana Alicia Bárcena.
Do total de cidadãos pobres, o número de pessoas afetadas pela extrema pobreza reduziu em três milhões até situar-se em 66 milhões em 2011 - equivalente a uma diminuição de 12,1% para 11,5% -, e se estima que este ano se manterá nesse mesmo nível.

Segundo o organismo das Nações Unidas, o crescimento econômico da região em 2011 alcançou 4,3%, mas em 2012 se desacelerará para 3,2%, enquanto a taxa de desemprego passou de 7,3% em 2010 para 6,7% em 2011 e espera-se que feche este ano nesse mesmo nível.


Neste sentido, a Cepal considera que o fator mais determinante na redução da pobreza foi o aumento da renda dos trabalhadores, mas também contribuíram para isso as transferências, tanto públicas como privadas, e outros tipos de receitas.


De 2010 a 2011, sete países registraram quedas significativas nas taxas de pobreza: Brasil (de 24,9% para 20,9%), Argentina (de 8,6% para 5,7%), Colômbia (de 37,3% para 34,2%), Equador (de 37,1% para 32,4%), Paraguai (de 54,8% para 49,6%), Peru (de 31,3% para 27,8%) e Uruguai (de 8,6% para 6,7%). Mais moderadas foram as reduções no Chile, de 11,5% para 11%, e no Panamá, de 25,8% para 25,3%.


Pelo contrário houve leves incrementos na Costa Rica (18,8% em 2011), República Dominicana (42,2%) e Venezuela (29,5%). A Cepal não conta com dados dos demais países da região. Por outra parte, o organismo regional das Nações Unidas adverte que aumentaram as brechas entre homens e mulheres, o que significa uma maior feminilização da pobreza, ao que se acrescenta a infantilização do mesmo fenômeno.


De 2002 a 2011, a maioria dos países conseguiu avanços muito importantes no coeficiente de Gini, que mede a desigualdade, e Venezuela e Uruguai se destacam como os dois países da região onde a desigualdade é menor.


Em relação a 2010 e 2011, "as mudanças não são tão significativas, mas segue havendo progressos muito importantes", afirmou Alicia Bárcena. As últimas estatísticas disponíveis para 18 países indicam que, na média, os 10% mais ricos da população latino-americana recebem 32% da renda total, enquanto os 40% mais pobres recebem apenas 15%.


Além disso, o relatório assinala que há uma maior consciência cidadã sobre a desigualdade na distribuição da renda, que está relacionada por sua vez com a desconfiança nas instituições, o que reforça a importância de um "aprofundamento democrático".


Por outra parte, a Cepal destaca que na América Latina o gasto público social como percentagem do PIB aumentou de 11,2% em 1991 para 18,6% em 2009, e como percentagem do gasto público total se manteve desde 2003 em torno de 62,5%.


"Houve uma tendência contracíclica apesar da crise de 2009, e isto fez com que a resiliência fosse um pouco melhor, porque houve um grande investimento dos países na criação de emprego e em estímulos fiscais e em cautelar os lucros sociais", avaliou Alicia Bárcena. Por setores, a despesa social em educação na região aumentou para 5% do PIB em 2010, em saúde para 3,9% e em seguridade social para 8,2%.


EFE

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