Renato Marício Prado
Não há mais quase nada em disputa no Brasileirão. Faltando cinco rodadas para o fim, o título do Fluminense está virtualmente garantido, as quatro vagas da Libertadores consolidadas e os quatro clubes da zona do rebaixamento praticamente condenados. Em termos matemáticos, sim, ainda é possível sonhar. Mas, em sã consciência, alguém acredita mesmo que algo vá mudar?
O heroico empate que o Flamengo arrancou no Estádio Independência selou de vez a (má) sorte do Atlético Mineiro. Que pode reclamar de um pênalti não marcado de Ibson em Ronaldinho Gaúcho, mas deve atribuir também ao destino as duas bolas que beijaram o travessão rubro-negro — uma em cada tempo.
Enquanto esteve em igualdade numérica, embora dominado, o Flamengo conseguiu armar bons contra-ataques e, num deles, Renato Abreu (o melhor do Fla) acertou um petardo digno de seus melhores tempos na Gávea, abrindo o placar.
Após a infantil expulsão de Wellington Silva (como um jogador que já fora advertido não entende que deve evitar faltas do tipo “parar a jogada”, ainda mais num lance tolo, no meio-campo?!?), a partida virou um ataque contra defesa. Gato contra rato.
Só que o “rato” rubro-negro lutou como leão e, apesar de ceder o empate logo aos 11 minutos do segundo tempo, conseguiu segurar um pontinho — resultado fundamental para espantar para mais longe o fantasma do rebaixamento e consolidar de vez a liderança do Fluminense.
A galope
A vantagem do Flu sobre o Atlético-MG se tornou tão confortável que nem mesmo uma derrota diante do São Paulo, no Morumbi, chega a ser dramática, pois a distância ainda seria de cinco pontos — faltando quatro rodadas. Isso, na pior das hipóteses, pois o Galo enfrentará, também no domingo, o Coritiba, no Couto Pereira. Parada indigesta. Periga a margem tricolor aumentar ainda mais...
Asa negra
O que fazia o ex-deputado e ex-presidente do Vasco na reunião do último Conselho Arbitral da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, que definiu como será o próximo Campeonato Estadual?
Representante da Colina não era, como Roberto Dinamite fez questão de ressaltar, em entrevista coletiva, dada na véspera, rechaçando qualquer possibilidade de reaproximação com o desafeto.
Dizendo-se “consultor”, sem especificar de quem ou de que, ele foi flagrado orientando os votos dos chamados “pequenos”. Mas o que parece mesmo é estar agindo em sintonia com o presidente da Federação, Rubens Lopes.
Era só o que faltava. Após anos a fio sofrendo com a simbiose do ex-deputado com o falecido presidente da Federação (a ponto de serem chamados de Eduardo Miranda e Eurico Viana), o pobre futebol carioca parece ameaçado pelo nascimento de outro clone do gênero que poderá receber a alcunha de Rubens Miranda ou Eurico Lopes.
Ninguém merece...
Pontapé liberado
O bom senso prevaleceu na reunião do Arbitral, quando foi rechaçado o monstruoso torneio de três turnos. Mas, em compensação, acabou aprovada a absurda possibilidade de se trocar a suspensão por três cartões amarelos pelo pagamento de uma multa de R$ 500. Ou seja, desde que se pague, os pontapés estarão liberados no Estadual do Rio.
É o fim da picada...
Ridículo atroz
Um grotesco casuísmo. Assim se deve classificar essa ridícula e desesperada tentativa do Palmeiras de anular o jogo contra o Internacional. Um de seus cartolas (nem vale a pena citar-lhe o nome) chega às raias do absurdo ao insistir na esdrúxula tese de que Barcos tocou com a mão na bola involuntariamente, por ter sido agarrado antes por um zagueiro colorado. O máximo que argumentos pífios como esse conseguirão será uma antipatia tal que, a se confirmar o novo rebaixamento do Verdão, todas as demais torcidas dirão: “Bem-feito!”
Será?
Encontro o Bagá rindo à toa, em frente à boca do metrô da praça General Osório e, ao me ver, o ciclope dispara, com sua tradicional voz roufenha?
— Chefia, será Amaral o novo Williams?
Não sei. Mas que nos dois confrontos contra o Atlético Mineiro ele jogou como tal, jogou. Que o diga o Ronaldinho Gaúcho...