Renatta Gorga
Folha-PE
Assim como ocorre todos os anos, a data de hoje, 12 de outubro, é repleta de festividades às crianças. Afinal, é o dia delas. Mas também é um marco para que seja feita uma análise sobre a realidade em que esses pequenos vivem e a expectativa que eles possuem para os próximos dez anos. Desta forma, a Folha procurou duas escolas de Pernambuco - uma pública e uma privada - a fim de perguntar aos alunos, com uma faixa etária entre 7 e 10 anos, o que eles esperavam do futuro. As respostas refletiram o modo precoce como a meninada tem amadurecido e mostraram que, apesar da pouca idade, elas já conseguem discernir sobre os problemas da sociedade.
A equipe de reportagem da Folha questionou dez alunos de cada instituição de ensino sobre a profissão que eles queriam seguir; o que esperam do mundo, se eles preferiam ser adulto ou criança; se poderiam mudar algo no mundo e do que eles mais gostavam na vida deles. A distinção da classe social entre os estudantes também mostrou diferentes pontos. Na Escola Paroquial Cristo Rei, localizada no bairro da Torre, Zona Norte do Recife, a maioria dos alunos afirmou que espera um mundo sem violência. Alguns já tinham a consciência de que existia o tráfico de drogas e de que é necessária a colocação de mais viaturas, bem como policiais e câmeras de monitoramento nas ruas.
De acordo com o psicólogo, conselheiro e membro da Comissão de Educação do Conselho Regional de Psicologia, Murilo Tolêdo Calafange, a questão da violência não está mais atrelada ao fato de a escola ser pública ou privada. “Isso perpassa por muitas classes sociais, mas é claro que, se a escola é localizada próximo a um local onde a violência predomina, é normal que as crianças tenham essa visão”, afirmou.
Já no Colégio Atual, situado no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da cidade, predominou a preocupação com a poluição e o desmatamento. “Queria que a poluição diminuísse mais. Para isso, nós precisamos parar de jogar lixo nos rios e mares, acabar com as queimadas e parar de fumar”, observou a aluna Nicole Camile Arantes, de 8 anos e aluna do 3º ano. Para o psicólogo MuriloTolêdo, esses são temas que podem ser abordados em qualquer plano pedagógico escolar. “Tudo isso faz parte do contexto de ensino. Mas a gente sabe que as questões com mais peso negativo se sobressaem onde a comunidade é mais carente pela realidade vivida”, esclareceu.
O psicólogo ainda frisou que uma criança na idade entre 8 e 9 anos, capta tudo o que está ao redor dela. “Há dez anos, isso não era assim. Mas, com o estímulo das mídias e o convívio das crianças com os adultos, nós vemos que essas crianças amadurecem muito mais cedo. A tendência é que surjam, cada vez mais, estímulos e ferramentas para desenvolverem esses meninos”, atestou.