Foto: Igo Bione/JC Imagem
AFP
A crise econômica na Espanha
poderá atingir as operações do Instituto Cervantes (IC) no Brasil. A
instituição, responsável pelo ensino do espanhol e pela difusão da
cultura hispânica, vai passar por um redimensionamento em 2013. O
governo espanhol, responsável por manter o instituto, vai cortar em 14%
o orçamento do próximo ano, que será reduzido de 97,2 milhões para
83,7 milhões. Com menos recursos, a instituição vai passar por um
redimensionamento e unidades poderão ser fechadas. Notícia publicada no
jornal espanhol El País aponta Recife e Curitiba como unidades
candidatas a fechar as portas no País.
Recém-chegado a Pernambuco, o diretor
do IC no Recife, Isidoro Castellanos, diz que não existe nenhum
comunicado da diretoria geral do centro, em Madri, informando sobre o
fechamento da unidade local. “Por enquanto, o que existem são hipóteses
da imprensa espanhola. Acabar com o centro no Recife não tem sentido. O
IC é o 5º melhor posicionado no País, a receita, o lucro e o número de
alunos crescem.”
Castellanos apresenta uma longa lista
de argumentos para apontar a viabilidade da unidade local. No ano
passado, o centro registrou receita de R$ 881,1 mil e a estimativa para
este ano é de um crescimento de 13,2%, alcançando R$ 998,2 mil. O
lucro aumenta em progressão geométrica. Em 2011 fechou em R$ 41,9 mil e
a projeção para este ano é de R$ 256,1 mil.
O diretor também destaca a ebulição da
economia pernambucana, a presença de empresas espanholas no Estado
(Iberdrola, Santander e Gamesa) e a importância econômica do Nordeste
como justificativas para garantir a presença do centro cultural no
Recife. Inaugurada há 4 anos, a unidade local emprega 20 pessoas. Desse
total, pelo menos metade é de brasileiros. O IC funciona em três
turnos, oferecendo cursos regulares, intensivo e extensivo com
mensalidades a partir de R$ 117,60. Hoje, o espaço conta com 1.412
alunos matriculados.
Fundado em 1991, o Cervantes conta com
65 centros espalhados pelos cinco continentes. O Brasil contabiliza o
maior número de unidade do centro no mundo e a tendência é que o maior
corte ocorra no País. São oito instituições localizadas em São Paulo,
Rio, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Curitiba e Porto
Alegre, das quais as três últimas são as menos lucrativas. O El País
também aponta a unidade de Damasco (capital da Síria) como candidata a
fechar.
O governo espanhol é responsável por
pagar o aluguel dos centros. Uma alternativa para evitar o fechamento
das unidades pode ser parcerias com governos e com a iniciativa
privada. “Em alguns países, os governos oferecem sede para o
funcionamento dos centros”, observa Castellanos. Aluna de flamenco há 2
anos no Cervantes do Recife, a arquiteta Cristiana Correia de Araújo
torce para que a unidade não seja fechada. “O centro é um espaço não só
para aprender a língua, mas para conhecer a cultura hispânica
(literatura, gastronomia, dança, cinema). O instituto criou um vínculo
com a cidade”, defende a arquiteta, que embarca amanhã para a Espanha,
onde vai passar dez dias conhecendo de perto o que aprendeu sobre a
cultura do país do escritor Miguel de Cervantes.