Flávia Barbosa
O Globo
O excelente desempenho no primeiro debate presidencial das
eleições americanas de 2012, na semana passada, rendeu ao ex-governador
Mitt Romney a liderança nas pesquisas de intenção de votos. O
republicano, que começou outubro 8 pontos percentuais atrás do
presidente Barack Obama, agora vence a disputa entre eleitores que
deverão votar em 6 de novembro por 49% a 45%, segundo levantamento
nacional que acaba de ser divulgado pelo respeitado instituto de
pesquisas Pew Research Center. E mais: a avaliação favorável de Romney
encostou na do presidente _ que tinha neste quesito seu principal ponto
de vantagem sobre o opositor _ e o republicano melhorou sua posição em
todas as perguntas qualitativas, incluindo qual candidato tem uma
política que beneficia a classe média.
A escalada na preferência
do eleitorado -- após a disputa parecer, para a maioria dos analistas,
praticamente decidida em favor de Obama no fim de setembro -- foi um
reflexo direto do embate ao vivo entre Romney e o presidente, dia 3, em
Denver, Colorado. Segundo o Pew, 66% dos eleitores consideraram o
republicano o vencedor do debate, percentual que chegou a 72% entre os
independentes (grupo que concentra os indecisos).
Perguntados
sobre se tinham uma visão favorável de Romney, 50% responderam que sim,
contra 45% em setembro. Obama, ao contrário, viu sua avaliação despencar
no mesmo período, de 55% para 49%. Os maiores ganhos do republicano
foram auferidos justamente em grupos demográficos básicos nos quais o
democrata vem apostando para conquistar a reeleição: mulheres (alta de 6
pontos), jovens de 18 a 29 (10 pontos) e adultos entre 30 e 49 anos (9
pontos).
A performance de Romney parece ter energizado a base
republicana. Agora, 82% dos republicanos dizem estar muito atentos às
eleições, acima dos 73% de setembro e 15 pontos acima do grupo de
democratas que revelam engajamento semelhante. Numa campanha em que o
comparecimento às urnas é fator decisivo, o indicador é uma notícia
positiva a mais para a campanha da oposição.
Romney registrou
ganhos muito significativos em todos as questões qualitativas. Aparece
empatado (44%) no quesito quem é o líder mais forte e supera Obama
quando a pergunta é qual candidato apresenta novas ideias (47% a 40%). O
republicano ampliou as vantagens que tinha nos temas econômicos
(redução de déficit, política tributária e criação de empregos) e
retirou a vantagem abrangente que o democrata tinha em temas como
reforma e política de Saúde, política externa e política tributária.
Na
questão sobre quem se as políticas do candidato beneficiam a classe
média, Romney subiu de 41% para 49% desde julho, virtualmente empatando
com Obama, que continuou com 50%.
O alento para Obama na pesquisa
do Pew Research Center é que parece terem colado em Romney as críticas
de que ele promete mais do que tem condições de entregar se assumir a
Casa Branca. No levantamento, 62% dos pesquisados concordaram com esta
afirmação, percentual que sobe a 75% entre os chamados swing voters
(indecisos, quem apenas inclina a um dos dois candidatos ou que admite
ainda mudar o voto que declara). Mais da metade dos entrevistados (53%)
afirma que é difícil saber exatamente a posição de Romney sobre os
assuntos, número que vai a 66% entre os swing voters.