Clima é de Incerteza em Suape

Antônio Assis
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Tatiana Notaro

O Governo do Estado garantiu reforço policial para hoje, na terceira tentativa de retorno ao trabalho dos 51 mil operários das obras de construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e da PetroquímicaSuape, após a greve que começou no dia 1º de agosto. Apesar da aparente calma, ontem pela manhã, havia incerteza nos dois empreendimentos no Complexo de Suape. Da violência que se viu na última quarta-feira, restaram as carcaças dos sete ônibus que foram incendiados e o medo dos poucos trabalhadores que tentaram voltar ao trabalho. Um helicóptero da Secretaria de Defesa Social do Estado sobrevoou a área, mas não houve violência explícita.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem de Pernambuco (Sintepav-PE), Aldo Amaral, disse que o vice-governador do Estado, João Lyra, assegurou reforço no efetivo policial. Ontem pela manhã, poucos ônibus circularam em frente à Rnest - o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, Fretamentos e Turismo (Sintranstur), Paulo Espírito Santo, já havia avisado sobre a orientação para que os motoristas não trabalhassem, já que alguns foram agredidos na confusão da última quarta-feira. Ele disse que 40% da frota circulou, mas que as atividades seriam retomadas normalmente hoje.

De acordo com a advogada do Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Margareth Rubem, o consórcio Tomé teve 20 ônibus, mas haviam “pessoas infiltradas e ameaça de incêndio”. Os consórcios Ipojuca e Conest, por exemplo, não trabalharam por falta de transporte.

Alguns trabalhadores foram em veículos próprios, mas desistiram de entrar na obra, dizendo ter medo de “retaliações”. Os ônibus que chegaram logo cedo foram embora antes do fim da manhã e os operários diziam que tinham sido liberados e orientados a voltar somente na próxima segunda-feira. O Sinicon não confirmou a informação. Na PetroquímicaSuape, o trabalho foi retomado pela manhã com cerca de 90% dos operários, mas, ao meio-dia, eles pararam novamente e pediram para ir embora. Também alegaram medo e foram enviados de volta pra casa.

As lideranças representativas de empresas e trabalhadores tiveram uma reunião no Tribunal Regional do Trabalho 6ª Região (TRT-6), que intercedeu no pedido de segurança ao Governo, ontem pela manhã. Também sentaram advogados da Petrobras, dona dos empreendimentos, e o presidente nacional da Força Sindical, a qual o Sintepav é ligado, Miguel Torres.

Segundo Margareth Rubem, as empresas não cogitam, por ora, fazer demissões por justa causa, como determinou o julgamento do TRT-6 esta semana, que considerou a greve abusiva. O movimento iniciou porque há discordância em relação ao acordo fechado entre Sinicon e Sintepav nesta data-base, que acertou 10,5% de reajuste salarial e R$ 260 de cesta básica, além de outros benefícios.

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