247 – A suspensão temporária imposta ao Paraguai pelos países membros do Mercosul, após o impeachment contra o presidente Fernando Lugo, pode levar uma luz ao novo governo, assumido por Federico Franco. O país, agora isolado e "livre", pode buscar a assinatura de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, um antigo sonho paraguaio que recebe apoio dos americanos. Desta forma, Barack Obama dividiria de vez a união aduaneira.
O bloco comercial da América do Sul já não é mais exatamente uma vantagem comercial para os países que o integram. Primeiro, a multiplicação de barreiras impostas principalmente por Cristina Kirchner e sua política protecionista, que prejudica em especial a indústria nacional – vide a suspensão argentina à compra de carne suína brasileira, que causou prejuízos milionários ao setor nos últimos meses. Segundo, porque as regras impedem seus sócios de negociarem isoladamente acordos de livre comércio.
Sinal do fracasso do bloco foi comentado pelo presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa. "A Argentina será responsável pelo fim do Mercosul", disse o embaixador, durante um encontro que discutia o futuro do comércio regional ocorrido na cidade argentina de Mendoza, paralelo à reunião dos presidentes da cúpula, que definiam o processo de suspensão paraguaia na semana passada.
Suspenso, o Paraguai é quem pode não querer mais participar do bloco, que agora tem a polêmica – e legalmente duvidosa, como aponta editorial do jornal O Estado de S.Paulo desta terça-feira – presença da Venezuela de Hugo Chávez. Na opinião do jornal, agora "talvez os paraguaios descubram, em seu absurdo isolamento, uma inspiração a mais para mandar às favas essa união aduaneira fracassada e buscar negociações relevantes para seu país".
Ótimo parceiro comercial, o país vizinho não só se daria bem como faria o Brasil possivelmente se arrepender de ter apoiado sua suspensão, praticamente uma obediência às ordens do governo argentino.