PE247 – A situação vivenciada pelo PT do Recife, com o impasse sobre quem será o candidato do partido – o prefeito João da Costa ou o senador Humberto Costa -, está sendo tratado como um marco na história da legenda em todo o país. Caso a executiva nacional opte, na reunião da próxima terça-feira (5), em São Paulo, por homologar a postulação do atual gestor recifense, abrirá um perigoso precedente de contestação de suas decisões, podendo ver replicar episódios semelhantes nas mais diferentes cidades. No entanto, a opção de tirar do páreo quem já está no cargo e indicar um nome diferente pode ser vista, pela sociedade, como uma das maiores incoerências de quem se autointitula exemplo de democracia.
O PT errou em adiar ao máximo a decisão de quem o representará no pleito recifense. O partido, em todas as oportunidades que teve para definir esse caso, preferiu postergar a sua decisão, levando os envolvidos a procurarem alternativas. O prefeito João da Costa buscou os caminhos que lhe pareciam viáveis e a sua oposição interna fez o mesmo. E tudo isso com o aparente aval da executiva nacional.
Agora, no momento de dar um desfecho ao episódio, o comando nacional do PT não sinaliza claramente que posição assumirá e arrasta ainda mais uma novela que faz o partido sangrar dia após dia. E, com a demora em apresentar seu veredicto, os cardeais petistas ainda aumentam a distância entre os grupos que se opõem no Recife, ficando cada vez mais difícil uma reaproximação para o que realmente vale: a eleição municipal.
O país inteiro está acompanhado o processo recifense. Em vários municípios, os diretórios locais tiveram suas indicações colocadas em segundo plano, uma vez que a executiva nacional tem a prerrogativa de buscar uma construção eleitoral para as cidades com possibilidade da ocorrência de segundo turno. Essa norma foi uma saída encontrada pelo comando petista para tentar amarrar aliados em pontos estratégicos, como em São Paulo, onde a legenda busca apoios para a postulação do ex-ministro Fernando Haddad.
O cortejo do PT paulistano a partidos como o PSB, comandado nacionalmente pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, já derrubou candidaturas próprias em municípios como Mossoró, no Rio Grande do Norte. Os petistas locais decidiram por lançar um correligionário, mas a cúpula nacional da sigla interveio e oficializou apoio ao nome que será indicado pelos socialistas.