
Raphael Coutinho _PE247 – A Transpetro, braço logístico da Petrobras, vem convivendo com dificuldades na encomenda de navios do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), ligado ao PAC, do Governo Federal. Do total de contratos assinados, pelo menos oito dos 44 navios já deveriam ter sido entregues. Porém, apenas o Celso Furtado, fabricado pelo Estaleiro Mauá, do Rio de Janeiro, e o João Cândido, pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Pernambuco, ficaram prontos. No final do mês passado, a estatal anunciou que vai começar a punir, com multas, as empresas que atrasarem as encomendas. Atualmente, a empresa só aplica punição depois de receber os navios, com base nas justificativas apresentadas.
O caso fica ainda mais grave porque, em alguns contratos, a construção dos estaleiros nem começou. O Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba, São Paulo, ainda está em fase de obras, assim como o STX-Promar, em Pernambuco, que também está sendo construído. A previsão era que até 2015, 49 embarcações de grande porte fossem entregues. Mas, pelo andar da carruagem, essa expectativa não deverá se cumprir.
O Estaleiro de Mauá já está sendo auditado neste novo formato de cobrança. Atualmente, o fabricante tem três navios em construção, sendo um deles o Sérgio Buarque, que deverá ser entregue com atraso em junho. A Transpetro recebeu o navio Celso Furtado no ano passado, com um atraso de 13 meses do Estaleiro Mauá e aplicou multa de R$ 2 milhões. Já o petroleiro João Cândido, do EAS, só foi entregue no último dia 25, com 21 meses de atraso. A estatal ainda não definiu se irá multar o estaleiro pernambucano.
Uma das supostas razões para os atrasos, tanto na construção dos estaleiros quanto na produção das embarcações, seria a falta de mão de obra qualificada para o cumprimento das duas etapas.
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) divulgou recentemente um estudo sobre o Cenário da Indústria Brasileira da Construção Naval referente ao primeiro trimestre de 2012. O levantamento registrou uma pequena diminuição no número de empregos. Em março de 2012, o total dos empregos diretos de trabalhadores em estaleiros brasileiros somou 58 mil pessoas, em comparação com 59 mil empregos ao final de 2011.