Com raras e honrosas exceções, todos os nomes indicados pela presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos para comporem as Comissões Nacional e Estadual da Verdade, respectivamente, foram bem recebidos pela sociedade. Todos têm no currículo um histórico de defesa do Estado Democrático de Direito e do absoluto respeito aos direitos humanos. Daí a confiança que têm dos brasileiros em geral, e dos pernambucanos em particular, para levarem a bom termo o seu trabalho.
O que talvez frustre os brasileiros é a falta de condições materiais para que no espaço de apenas dois anos os sete integrantes da Comissão Nacional consigam analisar todos os casos de violação aos direitos humanos que ocorreram no Brasil de 1946 (fim do Estado Novo) a 1988 (fim do regime militar). A menos que todos trabalhassem 24h por dia, todos os dias, e cercados por um batalhão de assessores, não será possível esclarecer todos os casos que a nação brasileira deseja saber.
Isso vale também para Pernambuco, que foi um dos Estados mais visados pelos militares após o golpe de 64 devido aos seus conflitos sociais. Afinal, atuavam politicamente aqui o governador Miguel Arraes, o prefeito da capital Pelópidas Silveira, o fundador das Ligas Camponesas Francisco Julião e o líder comunista Gregório Bezerra. Não por acaso, todos foram cassados pela nova ordem e obrigados a sair do país, à exceção do prefeito, com as consequências que todos conhecemos.
Inaldo Sampaio