Por: * Maurílio Ferreira Lima
Assisti ontem na TV Francesa, disponibilizada pela SKY, o debate ao vivo entre os dois candidatos à presidência da França, Nicolas Sarkozy e François Hollande, um espetáculo magnífico pela formatação do programa.
Defronte um do outro, separados por uma mesa e na presença de três jornalistas. Os jornalistas só falam duas vezes. No início dizem quem vai falar primeiro e no final do programa dizem boa noite.
Os candidatos se apercebem imediatamente que a presença dos jornalistas significa apenas um fator inibidor contra agressões pessoais.
Quem está controlando o tempo de cada um e condenando possíveis agressões está invisível: é cada um dos 27 milhões de telespectadores. Por essa razão, os dois candidatos se abstiveram de agredir um ao outro e de falar muito.
O primeiro candidato expõe o que quer fazer e o outro contesta os argumentos, apresentando outros. Não há o ridículo dos debates que se fazem no Brasil, uma urna cheia de papeizinhos, sorteio de tema, tempo limitado para réplica, tréplica e muito menos gravações de eleitores fazendo perguntas. O debate é acalorado e cada candidato se desnuda diante de milhares de telespectadores.
Foi a primeira vez que assisti a um debate de fato entre dois candidatos presidenciais. O Brasil não tem mais o direito de insistir no ridículo dos debates que são feitos por aqui.
Debate agora só no formato francês, o resto é ridicularia e chatice. Fora urna, fora jornalistas enchendo o saco dos telespectadores, fora réplicas, fora tréplicas e tempo limitado. Espera-se que a TV Globo aprenda com a lição dada ao mundo pela TV francesa.
* Maurílio Ferreira Lima é ex-deputado federal pelo PMDB.