Paulo Coelho
No coquetel de abertura do Festival de Escritores de Melbourne em 1993, na Austrália, eu me sentia bastante deslocado. Era a primeira vez que participava de um evento literário fora do meu país; não conhecia ninguém, e resolvi ficar olhando uma parede com posters com capas de livros dos escritores presentes. Ao lado da capa de “The alchemist” (“O alquimista”) estava outra bela capa, e me deu uma imensa vontade de conhecer o autor daquele livro.
Outro convidado aproximou-se. Também sentia-se deslocado, e aproveitou para puxar conversa comigo; sem saber quem eu era, começou a elogiar longamente o cartaz com capa do meu livro. Meio encabulado, e querendo manter a conversa, perguntei se ele havia notado a outra bela capa que estava ao lado.
“Obrigado”, respondeu ele. “Sou o autor deste livro”. Rimos muito da “coincidência”, quando também me identifiquei como o autor do livro cuja capa ele havia elogiado.