Pedro Marcondes de Moura
Istoé
SEM RUMO
Principais caciques do DEM se mostram
preocupados com o futuro da legenda
Pelos tapetes do Congresso Nacional é possível acompanhar a derrocada do Democratas, antigo PFL. Ali, ex-caciques da legenda, como Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel, transitaram, desde o governo Sarney até o final da gestão de Fernando Henrique, pelos corredores com a imponência de quem comanda ou tem acesso irrestrito ao poder. Hoje, o desligamento do senador Demóstenes Torres, uma das principais vozes da oposição, que acabou pego em interceptações da Polícia Federal em diálogos suspeitos com o contraventor Carlinhos Cachoeira, é suficiente para, nos bastidores da Câmara Federal e do Senado, fazer ressurgir os comentários de que uma fusão com o PSDB ou PMDB é tudo o que pode sobrar ao Democratas. Tamanha mudança se explica pela perda de capital político. Se em 2002 a sigla elegeu 84 deputados federais – a segunda maior bancada –, agora possui menos de um terço desse número de parlamentares.
A capilaridade da legenda, conhecida por abrigar oligarcas regionais, também se reduziu na mesma intensidade desde o início da gestão petista em 2003, quando a sigla passou pela primeira vez para a oposição. Atualmente, o Democratas administra apenas o Estado do Rio Grande do Norte, com Rosalba Ciarlini, e, entre as 200 maiores cidades do País, detém o comando de somente uma: Mossoró, no Rio Grande do Norte. Outro passo derradeiro para o processo de esfacelamento da legenda foi a criação do Partido Social Democrático (PSD), em setembro de 2011. Numa jogada política bem-sucedida, capitaneada pelo prefeito de São Paulo e ex-presidente do diretório paulista do DEM, Gilberto Kassab, quadros importantes do partido, como a senadora Kátia Abreu e o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, além de cerca de 25 deputados federais, desembarcaram no PSD rumo a uma aproximação com a base do governo federal.