Nesses dias tumultuados, salta aos olhos a transferência para um hospital, em São Paulo, de atividades políticas normalmente previstas para se realizar no Congresso, em Brasília. Nada a opor que deputados, senadores e o próprio vice-presidente da República tenham ido buscar conselhos e debater diretrizes no hospital Sírio-Libanês, onde o José Sarney e o Lula fazem pouso. Trata-se de um sacrifício a mais para o ex-presidente da República e o presidente do Senado, ambos às voltas com problemas de saúde. Mas que poderiam ser poupados de tanta romaria parlamentar e política, isso poderiam...
A TERCEIRA PONTA
A Comissão da Verdade torna-se a terceira ponta desse triangulo que vai transformando a atividade política numa delegacia de polícia, junto com o julgamento do mensalão e da CPI do Cachoeira. Não demora muito a designação pela presidente Dilma de seus sete integrantes, com dois anos para investigar a participação de agentes do poder público em práticas de tortura e coisa pior, durante a ditadura militar. Mesmo sem poderes para punir ou, sequer, para pedir ao Judiciário a punição dos torturadores, a Comissão da Verdade terá a prerrogativa de apontá-los à opinião pública, sejam antigos militares, sejam ex-policiais e ex-funcionários de governos distintos. Parece provável que, ao defender-se, os acusados venham a expor o outro lado dessa equação de horror, isto é, atos e intenções de suas vítimas, em especial aqueles que também praticaram crimes. Seria o caso de convocá-los para esclarecimentos?
Carlos Chagas