Vera Rosa e Denise Chrispim Marin, de O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - Na conversa de uma hora e meia com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Casa Branca, a presidente Dilma Rousseff cobrou nesta segunda-feira, 9, mais responsabilidade do colega no enfrentamento da crise econômica mundial e isentou a China das consequências pela desvalorização artificial de sua moeda. Embora reconheça a retomada americana como fundamental para a economia global a médio prazo, a brasileira condenou a tática do país para estimular o mercado interno em prejuízo dos demais - em especial, dos emergentes.
“Precisamos ter clareza de que a responsabilidade de todos nós, nesse processo de contenção da crise, de retomada (do crescimento) é compartilhada”, afirmou Dilma, em entrevista sem a presença de Obama, no hotel em que está hospedada. “Ninguém pode falar: ‘Não, eu não tenho responsabilidade, não tenho nada com isso. Não é bem assim.”
Dilma já havia adotado o tom crítico ao papel de seus anfitriões na economia global ainda na Casa Branca, logo após a conversa com Obama. “Essas políticas monetárias, solitárias no que se refere às políticas fiscais, levam à valorização das moedas dos países emergentes, levando ao comprometimento do crescimento desses países”, afirmou a presidente.
Na entrevista coletiva, depois de deixar a Casa Branca, Dilma insistiu na tese. “Apostar só em políticas monetárias expansionistas leva a um verdadeiro tsunami monetário”, afirmou, repetindo expressão usada desde o encontro com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em março. Naquela ocasião, a chanceler alemã rebateu a crítica, condenando “medidas protecionistas unilaterais”.