O Estado de São Paulo
Gustavo Chacra, correspondente
NOVA YORK - Com uma média salarial variando de US$ 3 mil a US$ 4 mil por mês - e em alguns casos ultrapassando os cinco dígitos -, as babás brasileiras são disputadas por mães americanas e de outras nacionalidades em Nova York.
Gustavo Chacra/AE
A babá Jaqueline passeia com bebê na região do Upper West Side
Suas vidas se parecem mais às do seriado de TV Supernanny, passado em Manhattan, que às de babás do filme História Cruzadas, sobre as domésticas negras que sofriam preconceito ao educar crianças brancas do Mississipi nos anos 1960. Elas viajam pelo mundo com os patrões e conseguem economizar em um ano o que demorariam uma década na mesma profissão no Brasil.
Uma delas, Zenaide Munetton, incendiou o mercado das nannies, como são chamadas em inglês, depois que seu salário de US$ 180 mil por ano, mais bônus de Natal, foi citado em artigo do jornal New York Times. Essa renda é quase o dobro do que ganham recém-formados em MBAs de universidades como Columbia e NYU.
Segundo patroas entrevistadas pelo Estado, as brasileiras são consideradas mais talentosas, carismáticas e dispostas a colaborar com serviços domésticos e na educação das crianças do que rivais hispânicas. Algumas vivem com as famílias. Outras preferem ser profissionais liberais, trabalhando para diferentes pais. Há casos de babás tão bem sucedidas que chegam a contratar outra babá para cuidar dos filhos enquanto trabalham.
Há 30 anos nos Estados Unidos, Sonia virou exemplo para babás brasileiras de Manhattan. "Sempre trabalhei para a mesma família americana. Criei quatro crianças e, quando me aposentei, a mãe delas me deu um apartamento de presente." Com o imóvel avaliado em cerca de US$ 1 milhão e o salário de três décadas, ela conseguiu educar os dois filhos, que vivem em Nova York, e dois sobrinhos órfãos no Rio de Janeiro. "Minha dica para as mais jovens é sempre perguntar aos patrões se pode mexer nas coisas da casa, levar nota de compras e manter boa aparência."