Perfil: Naná Vasconcelos

Antônio Assis
0
Ana Clara Brant - EM Cultura
Divirta-se
UAI
“Nunca fui do Clube da Esquina. Nunca fui do Som Imaginário. Eu sou eu. Sou Naná.” O autor da frase é um artista pernambucano de 67 anos, tido por muitos como o melhor percussionista do planeta: Naná Vasconcelos. Desde menino, quando batucava em tudo o que via pela frente no Recife, onde nasceu e cresceu, ele já sabia que queria isso para a vida toda.
Apesar de ter se especializado em berimbau, Naná aprendeu a tocar praticamente todos os instrumentos de percussão, inclusive os mais inusitados – das panelas à água. “Outro dia mesmo, toquei em penicos. Percussão é aquela coisa de feeling, intuição. Você pode me dar um bolero, uma música clássica, e crio ali na hora. Nunca frequentei escola musical. Participo de cursos e workshops para me aperfeiçoar, mas aprendi tudo sozinho. Para mim, o primeiro instrumento é a voz, o melhor é o corpo. O resto é consequência”, afirma.
Naná Vasconcelos iniciou a carreira com 12 anos, incentivado pelo pai, também músico. Para poder tocar na noite, conseguiu autorização do juizado de menores. “Aporrinhava tanto o meu pai que ele teve de me levar para os bares e cabarés. Naquela época, não havia criança na noite, por isso tive autorização especial”, recorda. 
Em 1967, o pernambucano se mudou para o Rio de Janeiro e lá conheceu um grande parceiro: Milton Nascimento. Naná se lembra muito bem do dia em que se encontrou pela primeira vez com Bituca, durante uma festa na casa do compositor. 
“Assim que o vi, falei: ‘Vim do Recife para tocar com você’. Ele me olhou com aquela cara meio desconfiada. No fim da festa, alguém pediu para o Milton mostrar um pouco do que começaria a gravar. Era uma sexta-feira e, na segunda, ele iria para o estúdio fazer o primeiro disco”, conta. Bituca pegou o violão e começou a cantar Sentinela. Naná não se fez de rogado. Foi até a cozinha, pegou algumas caçarolas e passou a acompanhar o anfitrião. “Ele me olhou de um jeito meio surpreso e perguntou: ‘O que você vai fazer segunda-feira?’ Pelo visto gostou, né?”, relembra Naná, entre gargalhadas.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)