Novaes, a vaca do sertão

Antônio Assis
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Sebastião Nery

Manoel Novaes fazia comício em Irecê, nos estorricados sertões da Bahia. Um candidato a vereador pegou o microfone:
– Minha gente, quem deu a nossa perfuratriz?
– Foi Novaes!
– O que é a perfuratriz faz?
– Tira água do chão e dá água para nós.
– E a vaca que dá leite para nossos filhos, bebe o quê?
– Bebe a água que a perfuratriz tira do chão.
– Então, quem dá leite a nossos filhos?
– É Novaes!
– Portanto, vamos votar em Novaes, a vaca do sertão!

MANOEL NOVAES
Durante mais de meio século, Manoel Novaes, nascido em Pernambuco e a vida inteira vivida na Bahia, cujo centenário foi em 6 de março de 2008, alto, quase dois metros, voz de trovoada, cara grande e generosa de sertanejo, olhos ensolarados, foi exatamente isso: a vaca santa, leite e esperança, emprego e trabalho, no infinito Sertão do São Francisco.
Manoel Novaes foi uma vida a serviço de um rio muito longo e um sertão muito seco. Médico, estava na Constituinte de 34. Na de 46, também. E conseguiu ver aprovado 1% da receita tributária da União para aplicação no Vale do São Francisco. Daí nasceu a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). Já advertia Novaes:
– “Cometeremos um erro insanável se adiarmos por mais tempo seus problemas. As precipitações pluviométricas da região se tornam irregulares de ano a ano, as condições de navegabilidade pioram, as erosões das margens alargam e obstruem o leito, a evaporação das águas aumenta”.

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