Carlos Chagas
No Congresso, não se encontra um só parlamentar que concorde, retoricamente, com a violência do governo em governar com medidas provisórias. Até o PT se insurge, ainda que apenas no gogó. Todo mundo critica a edição de éditos que não são nem de urgência nem de relevância, como manda a Constituição. Protestam deputados e senadores contra o trancamento das pautas enquanto as medidas provisórias não são votadas.
Querem mudar as regras do jogo, ironicamente alternando-se no apoio ou na condenação dessa singular forma de submissão do Poder Legislativo. O diabo é que nada fazem, quando poderiam fazer. Dormem nas gavetas do Congresso mil e um projetos alterando a sistemática das medidas provisórias. Na hora de dar seguimento às mudanças, encolhe-se a maioria e até segmentos das minorias fazem ouvidos moucos aos próprios reclamos.
O palácio do Planalto dispõe de instrumentos para conter qualquer movimento contrário aos seus interesses. Nomeações, favores, benesses – tudo funciona de acordo com seus objetivos. Se a presidente Dilma exige que as coisas continuem como sempre, não há quem ouse enfrentá-la. Continuará soltando seus ucasses.