Foto: ERNESTO RODRIGUES/AGÊNCIA ESTADO
247 – Enquanto o noticiário em São Paulo se concentra nas movimentações do PT, que pode buscar uma aliança com o PSD para tentar eleger Fernando Haddad, ou sobre as indefinições do PSDB, que ainda não tem um nome na disputa, um candidato desprezado pelo establishment político e econômico vem comendo pelas beiradas. É o deputado Celso Russomano, que foi ligado ao malufismo, é filiado ao PRB, e aparece na frente em mais uma pesquisa Datafolha.
A sondagem, feita com 1.090 eleitores da cidade de São Paulo, será divulgada pela Folha de S. Paulo na edição deste domingo – e que, na capital paulista, já começou a circular. Curiosamente, a pesquisa foi escondida pela própria Folha. Aparece apenas no pé da página A8, de forma discreta, sob o pretexto de que, em janeiro, o quadro mudou pouco em relação ao mês anterior. Nem mesmo um quadro com as intenções de voto foi publicado.
Seja como for, a Folha informa que Russomano lidera em quatro dos cinco cenários pesquisados, com intenção de voto entre 17% e 21%. Ele só perde quando José Serra entra na disputa e leva 21%. Mas como Serra tem dito que não será candidato, foi incluído em apenas um cenário. Além disso, sua rejeição, de 33%, é a maior entre todos os nomes pesquisados.
Atrás de Russomano, aparece Gabriel Chalita, do PMDB, com intenções que variam de 6% a 9%. Os nomes que participarão das prévias do PSDB, como José Aníbal, Ricardo Tripoli, Andrea Matarazzo e Bruno Covas, oscilam de 2% a 6%. E Fernando Haddad, a grande aposta do ex-presidente Lula, ainda patina: em todos os cenários, ele não vai além de 5%.
Neste sábado, Russomano também participou de uma convenção que definiu sua candidatura. E ele até sinalizou com uma possível aliança com Gabriel Chalita – o cabeça de chapa seria aquele que aparecesse melhor nas pesquisas. Leia, abaixo, o noticiário da Agência Estado sobre a convenção do PRB:
Na convenção estadual do PRB que o lançou, neste sábado, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-deputado Celso Russomanno condicionou qualquer negociação sobre a candidatura própria aos resultados das pesquisas de intenção de voto. Questionado se estaria disposto a ocupar a vice em uma eventual chapa liderada por Gabriel Chalita (PMDB), Russomanno admitiu a possibilidade, mas afirmou que sua prioridade ainda é ser candidato a prefeito. "Se ele (Chalita) estiver melhor que eu nas pesquisas, pode até ser. Mas primeiro ele tem de estar melhor que eu nas pesquisas", disse, indicando confiança no seu desempenho eleitoral.
No último levantamento do Datafolha, Russomanno lidera a maioria dos cenários, enquanto Chalita amealha, no máximo, 6% dos eleitores. Embora ainda haja expectativas de que o PRB possa abrir mão da candidatura própria em favor do apoio a nomes do PSDB, PT, PSD ou PMDB, tanto o partido quanto Russomanno vinham negando esta possibilidade. Apesar das declarações do ex-deputado, a convenção foi marcada pela reiteração da tese da candidatura própria. "Só existe uma chance de o Celso não ser candidato: se ele não quiser", afirmou o presidente do PRB, Marcos Pereira, acrescentando que o partido terá a cabeça de chapa "com ou sem aliança". O próprio Russomanno discursou como candidato. "Esta será uma campanha árdua", disse.
Em uma aparente tentativa de atrair um público tradicionalmente com pouco interesse em política - o PRB é o partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus -, foi exibido no evento um vídeo em que Russomanno é definido como "jornalista, pai, marido brasileiro e político, um bom político". O clipe descreve, ainda, o trabalho do ex-deputado na defesa do consumidor como "uma espécie de xerife do cidadão" e afirma que, "desde a infância", Russomanno sonhava em ser um "super herói" do povo. A expressão "bom político" foi repetida por seis vezes.
Prestigiaram a convenção o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, Gilberto Kassab. Kassab repetiu que teria "muita honra" em passar a cadeira a Russomanno, se ele for eleito. Nenhum líder petista foi ao evento.