Iniciativa da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 fortalece laços comunitários e combate a xenofobia por meio do kickingball e beisebol
Em uma iniciativa inovadora, equipes esportivas formadas por migrantes e brasileiros estão sendo apoiadas em Pernambuco com o objetivo de promover a integração e o fortalecimento comunitário. A iniciativa é uma parceria da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 (CBNE2), Cáritas Alemanha e Cáritas Brasileira, que destaca o potencial do esporte como ferramenta para a construção de redes de apoio, o combate à xenofobia e o incentivo à convivência pacífica entre diferentes culturas.
Entre os grupos apoiados estão as “Leonas do Recife”, time de kickingball formado majoritariamente por mulheres migrantes da Venezuela, e os “Lobos de Igarassu”, equipe de beisebol com jovens de diversas nacionalidades. Atualmente, cerca de 30 mulheres participam do projeto, que se tornou referência na promoção da convivência e do empoderamento de pessoas em situação de vulnerabilidade.
De acordo com Brainerd Hernandez, venezuelano e articulador local do Programa de Migração e Refúgio da Cáritas Brasileira NE2, a iniciativa faz parte de um conjunto de estratégias do programa voltadas ao fortalecimento dos direitos humanos por meio do esporte, cultura e convivência comunitária , explica Brainerd.
Os treinos ocorrem em dias de sexta e sábado, na praia de Boa Viagem, e, segundo Lérderis, são momentos de descontração e apoio mútuo entre as jogadoras, tanto migrantes quanto brasileiras. “Somos o primeiro time de kickingball de Recife, organizado pelo Club Venezuelano. O esporte mistura o beisebol, tão importante para nós, e o futebol, paixão dos brasileiros. Essa fusão representa nossa identidade e me faz sentir em casa, mesmo longe”, afirma Lérderis Guerra, migrante venezuelana e capitã do time Leonas do Recife.Uma das companheiras de time, Joselin F., também venezuelana, lembra que o esporte trouxe acolhimento em meio ao desafio da migração. “Quando encontrei o time, foi como redescobrir um pedaço de casa. O kickingball sempre foi parte da nossa vida, da nossa forma de conexão”, reforça. A iniciativa também despertou o interesse de brasileiras, como Vanessa L., que se encantou pelo esporte e pela vivência multicultural do grupo.“Nunca tinha ouvido falar em kickingball, mas me apaixonei. Mais do que jogar, é sobre construir pontes entre culturas, aprender e crescer com a força dessas mulheres incríveis”, enfatiza Vanessa.
A proposta dialoga com experiências como a Copa Pernambucana dos Migrantes e Refugiados, uma iniciativa da CBNE2, e organizações parceiras, que em duas edições ( 2019 e 2023) tem através do futebol possibilitado visibilidade à temática migratória , promovendo a inclusão de diferentes etnias e culturas ,reforçando o papel do esporte na promoção de um país mais justo, inclusivo e plural. “Acreditamos no esporte como uma ferramenta potente de transformação social, capaz de acolher, integrar e dar voz às populações em situação de vulnerabilidade”, finaliza Brainerd.